Caminhada

Sapatos na nuca
Saia amarrada
Embaraço de fios
passos marcados

Areia nos olhos
Pouca visão
Areia dos dedos
Roçando no chão

Cabelos ao vento
Cabeça no ar
Olhar esquecido
De tanto calar

Longa caminhada
Na areia molhada
Gotas da jornada
Na saia enrugada.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Terapia do Perdão


Olá queridos irmãos. Boa noite a todos.
Para começar o assunto de hoje, vou fazer uma pergunta a todos e gostaria de convidá-los a uma breve reflexão. No último ano, vocês lembram quantas pessoas lhe ofenderam?
E por outro lado, lembram quantas pessoas você ofendeu?
Provavelmente, lembraremos muito mais das ofensas que recebemos do que das que fizemos...
Mas por que isso acontece?
Somos tão diferentes culturalmente, socialmente e moralmente entre todos nós, que, muitas vezes, o que é uma ofensa para o outro pode não ser para mim e vice-e-versa. Justamente por essas diferenças, muitas vezes acabamos ofendendo pessoas sem ter nem ideia do que fizemos.
Se quem faz o mal não tem consciência do que fez, não há arrependimento, e sem arrependimento, também não há sofrimento para o ofensor. Quem acaba sofrendo sozinho é o ofendido.
Mas não é sempre assim.

Existem grupos de pessoas que sentem prazer em promover a discórdia. Começam a te ofender, humilhar. Se a pessoa te conhece um pouco então, ela usa exatamente as coisas que mais te irritam para te fazer sair do eixo, causando desequilíbrio.
É só pensar como funciona a mente das pessoas que fazem o mal por perversidade: Elas mentem sem pestanejar e com muita naturalidade, sempre visando objetivos desse mundo. Atacam as pessoas ao redor porque se sentem desorientadas e infelizes, por isso agridem. A agressão lhes dá uma sensação momentânea de vitória, porque sentem que o outro está sentindo um pouco do seu próprio sofrimento, acreditam que tem o poder de desiquilibrar o outro pelas próprias mãos.
É como se elas nivelassem os outros em sua própria faixa vibratória, pois não acreditam em evolução, em crescimento moral. Estão sempre dando voltas em si mesmas. Muitas se consideram o centro do universo e acham que tudo gira ao seu redor, que podem tudo e fazem o que quiserem com os outros.
Vemos pessoas assim o tempo todo. Na rua, nos supermercados, no nosso trabalho, dentro da nossa própria família. As novelas e filmes retratam pessoas assim o tempo todo.
Por fora, é praticamente impossível reconhecê-las, pois falam bem, se vestem bem e muitas vezes, são muito educadas e polidas. Mas quando abrem suas bocas e expõem seus pensamentos, conseguimos identificar a tempestade que existe em seu mundo interior: sonhos de poder, destaque, dominação, dinheiro. O seu mundo é fundamentado no egoísmo, no ser superior que acreditam ser. Para chegar onde querem, não medem esforços e pisam em quem for necessário.
Infelizmente, essas pessoas são doentes graves da alma, pois ignoram que estão no estágio primário de evolução e o quanto isso lhes faz mal. Revidar essas pessoas é como dar a eles o alimento que precisam para continuar com sua conduta inferior. Quanto mais você briga, mais eles se comprazem.
Quando o ofensor não tem consciência, nem saberá da ofensa. Quando faz de propósito, ficar ofendido só irá alimentar ainda mais a sua busca por ofender mais e mais.

Por outro lado, obviamente, quem sofreu a ofensa tem todo o direito de querer manter distância e que se ressinta do ofensor. É totalmente compreensível que queira se preservar de novas ofensas. E quem se sente ofendido muitas vezes, em seu rancor e orgulho ferido, acaba decidindo por não falar mais com aquela pessoa.
Mas se você quer criar um vinculo muito forte com alguém basta ficar com raiva da pessoa. Com certeza, você vai pensar nela sempre, todos os dias, a todos os momentos.
Quando estamos com raiva, o simples fato de não querermos cruzar com a pessoa faz com que estejamos atentos o tempo todo para ver se a pessoa está por perto.
Se vamos a uma festa e pensamos que fulano pode estar presente, pronto. Acaba o sossego. O tempo todo ficamos olhando para a porta, ligados e intrigados.
E se a pessoa não aparecer, ainda dizemos aos amigos - Ai, graças a Deus tal pessoa não apareceu aqui hoje, tudo o que eu não queria era encontrar com ela. E se o amigo não sabe da razão, fazemos questão de contar como fomos ofendidos, com todas as letras e muita emoção, para que o amigo se sinta tão ofendido quanto ficamos com o acontecido.
Preservar um ressentimento faz com que vitalizemos a infelicidade, mantendo ela sempre presente em nossas emoções. Quanto mais raiva, mais difícil esquecer o que aconteceu.
Ódio, ciúme, medo, ressentimento e remorso são sentimentos que nos causam distúrbios emocionais muito fortes. Esses sentimentos são responsáveis por uma grande variedade de doenças tais como gastrite, enxaqueca, dores na coluna e até câncer. Esses sentimentos mexem diretamente com nosso sistema nervoso central e também com nosso sistema imunológico.
Para nos libertarmos desses sentimentos, o perdão é um balsamo maravilhoso. Mas não basta dizer eu perdoo. É preciso que seja real, e para ser real, temos que perdoar conscientemente do que estamos fazendo.
Para ter consciência do perdão, precisamos primeiro entender como somos complexos  e que não podemos tratar tudo e todos da mesma forma. Cada caso é um caso. Cada história é uma história. Procurar entender a complexidade e a origem das coisas é muito importante.
Quanto mais conhecimento há do assunto, mais entendemos a causa do que aconteceu, mais entendemos o que levou aquele indivíduo a praticar o mal, o que ele passou na vida, sua triste história e como ele foi se tornar daquele jeito.
Quanto mais consciência real nós temos, mais poderemos organizar os nossos sentimentos e, consequentemente, transformá-los: entender porque aquela pessoa fez aquilo, o que a levou a agir assim pode ajudá-lo a transformar raiva em compaixão.
Temos visto situações drásticas de famílias que tiveram seus filhos assassinados e perdoaram o assassino, inclusive indo visitá-los na cadeia. Outro dia uma amiga me disse: eu que nunca perdoaria alguém que matou meu filho.
É uma situação muito difícil de enfrentar, mas talvez, o perdão seja a única coisa possível de ser feita para acalmar a alma, para acalentar o espírito. Imagine viver cada dia da sua vida com ódio e com sede de vingança. Nada vai pra frente. Você não consegue fazer absolutamente nada, fica cego diante de tudo o que está ao seu redor.
Se você tem mais de um filho e perde um deles, cegar seu coração vai matar não só o filho que já morreu, mas também o que está vivo.
Transformar ódio em compaixão nos dá a possibilidade de salvar vidas, nos dá a possibilidade de entregar a outra face, palavra tão sábia de nosso mestre Jesus.
Entregar a outra face não é pedir ao outro para bater, mas sim, vibrar ao contrário, mudar a paisagem. É ter o poder de mudar o ponto de vista da situação e aquilo que nos afetava tanto, passa a não afetar mais.
A lei da causa e efeito nos mostra que todas as nossas ações voltam em força igual contra nós mesmos. Então, a pessoa que faz o mal para o outro irá receber seu troco da própria vida, cedo ou tarde, nesta vida ou na próxima. Assim, como quem faz o bem, também receberá seu troco na mesma moeda.
Se você se sente ofendido, ao invés de sentir raiva, tente analisar se a pessoa tem consciência do mal que foi feito. Tente entender, de maneira consciente o que causou a ofensa e veja se a outra pessoa tem interesse em mudar sua atitude.
Em outra situação, procure analisar e veja a agressão que recebeu como uma experiência que precisava para sua própria evolução. Com esse sentimento, automaticamente a raiva se dissipará e você tirará o poder do outro de te intoxicar com seus venenos.
Pratique o caminho inverso:
No meio da discussão, ofereça o silêncio.
No meio das lágrimas, ofereça o primeiro sorriso.
Na escuridão, acenda a luz.
Na falta de ensinamento, ensine o que souber, mesmo que seja pouco.
Frente a arrogância, ofereça a humildade, às vezes o outro precisa ser escutado.
No meio do desconforto, tente trazer o conforto, o abraço.
Se as portas estiverem fechadas, vá por outro caminho, você pode encontrar flores muito mais bonitas.
Se estiver frio, acenda uma fogueira.
Se estiver calor, traga a água refrescante.
Para cada posição negativa, veja o lado positivo. Tudo tem dois lados, tudo é aprendizado.
O perdão é o equilíbrio do pêndulo que existe dentro de nós, é a organização de nosso eixo central para que possamos caminhar em frente, sem levarmos amarras que nos arrastam para um lado ou para o outro, ou mesmo que nos puxam para trás.
Cada um de nós tem compromissos muito importantes. É nisso que devemos gastar nosso tempo e energia.
Quando perceber que está desequilibrado faça uma oração e peça aos amigos espirituais para lhe ajudarem a reestabelecer o equilíbrio.
Espero que todos nós encontremos nossos eixos de equilíbrio e possamos tornar o perdão, algo comum e simples em nossas vidas.
Muito obrigada pela oportunidade.

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